Parte I: O Passado e o Presente
Muito tenho ouvido discutir a justiça da atribuição do Nobel da Paz a Barack Obama; esta discussão, nomeadamente a crítica à atribuição do Prémio ao presidente dos Estados Unidos, tem-me causado alguma «azia». O facto de tanta gente não reconhecer as profundas alterações que o mundo sofreu com a eleição de Obama, deixa-me confuso; por uma vez em que as coisas realmente mudam, há acção real e não só propaganda, as pessoas negam o trabalho feito? Não esperassem obviamente que Guantánamo estivesse já encerrada por esta altura; ou queriam que os presos fossem lançados ao mar, e se pusesse uma bomba que levasse tudo aquilo pelos ares? Ou o Iraque, esperavam que em 1 semana as tropas americanas deixassem o país entregue aos criminosos, sem ajudar a Polícia e Exército iraquianos a efectuar a transição de poder? Temos que ser realistas: as coisas não são feitas por magia, nem podem ser feitas por fazer, e deixadas ao acaso; Obama está a cumprir o seu papel tal e qual como prometeu, avançando com todas as promessas não só ao seu país, como ao mundo, e contribuindo de forma incrível para a restauração dos Direitos Humanos, Cooperação Internacional e Paz que George W. Bush tão freneticamente destruiu.
O Nobel de Obama veio cedo, e tal coisa pode ter acontecido devido a uma vontade de reconhecimento e incentivo simultâneos, que não devem ser encarados como injustos. Será que Al Gore fez muito mais que Obama? Na verdade, o vencedor do ano passado apenas consciencializou o Mundo… E Obama já o fez também, até com mais visibilidade, mais poder e alcance do que Al Gore. E Obama não só consciencializou, como também já pôs mãos à obra: o processo de Encerramento de Guantánamo já está em execução, e espera-se que no próximo ano a ‘prisão da tortura’ esteja fechada; pela primeira vez, realizar-se-á uma Cimeira de Desarmamento Nuclear, da qual Obama foi mentor; esta luta é, aliás, uma das razões da atribuição do prémio por parte da Academia noruguesa, que declarou que "o comité deu muita importância à visão e aos esforços de Obama com vista a um mundo sem armas nucleares"; a chegada de Obama à Casa Branca também deitou por terra o plano de Bush de construir junto à Rússia um escudo anti-míssil, que os Russos achavam ofensivo, melhorando assim a relação entre os dois países, e viabilizando um acordo já assinado de destruição conjunta de armas nucleares; mas os esforços diplomáticos não se ficam por aqui: Obama levantou o embargo a Cuba (que levou a Fidel Castro a dizer que Obama era um justíssimo vencedor do Nobel!), e teve ainda vários "esforços diplomáticos internacionais e pela cooperação entre povos", nomeadamente a entrada nas negociações entre Palestina e Israel, defendendo os interesses de ambos os lados e não apenas o israelita, o que deverá finalmente abrir caminho á tão-esperada paz no Médio Oriente; Obama foi ainda ao Egipto, onde pela primeira vez declarou o apoio dos Estados Unidos ao desenvolvimento dos países de 3º Mundo, e visitou já por várias vezes a Europa, com a qual desenvolveu um clima de cooperação, que poderá levar avante esforços conjuntos face aos problemas globais. Ao contrário de Bush, Obama não despreza a Europa e não tenta resolver sozinho os problemas do mundo. Obama está ainda a efectuar a retirada do Iraque, enquanto redefine estratégias no Afeganistão: a ideia é travar uma guerra de interesses meramente económicos, e focar-se no combate à violência talibã, e ao terrorismo, de forma generalizada. O que muita gente não sabe também, é que Obama é advogado (formação em Harvard), e dedicou muitos anos à defesa dos direitos cívicos, publicando mesmo dois livros que foram êxitos brutais de vendas, incluindo o aclamado “The Audacity of Hope’’. Para finalizar, o Comité Nobel declarou que ‘‘só muito raramente uma pessoa conseguiu como Obama captar a atenção do mundo, e dar às pessoas esperança para um futuro melhor’’, e ainda lhe reconhece uma importante ‘‘base valores e atitudes, que são partilhados pela população mundial’’. A mim, parece-me mais que suficiente...
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Também acho que é merecido.
Apesar de não conhecer os outros candidatos ao Nobel Obama, talvez pelo seu mediotismo actual, parece-me ser um justo merecedor do prémio.