Deus: argumentação ateísta

Aqui estão, tal como prometido, os argumentos do 'outro lado'...´

Argumento da Incoerência - uma versão popular do argumento das propriedades incompatíveis questiona a possibilidade de um Deus ser ao mesmo tempo omnisciente e omnipotente. Um Deus omnisciente, que tem todo o conhecimento acerca dos acontecimentos futuros, é impotente para mudá-lo visto que este futuro, que já é conhecido de antemão, já está determinado.

Navalha de Occan - a Natureza, como é provado pela Ciência, 'escolhe' sempre o caminho mais simples. Tal facto é comprovado pela Química, através do Princípio da Energia Mínima. Este facto, de tudo tender sempre, na Natureza, para o mais simples e o menos energético possível, limita o poder de Deus, uma vez que Este não conseguiria provocar algo, através de um processo mais complexo na Natureza do que o original (e simples), pelo que Deus não é certamente omnipotente. Se uma qualidade atribuída a Deus deixa de ser válida, o próprio conceito deixa de ser correcto e coerente.

Historicidade - Deus foi uma criação do Homem Pré-Histórico como resposta a questões da época (como a ocorrência de incêndios e trovoadas), e hoje conhecemos, através dos conhecimentos da Física ou da Química, as respostas a essas questões. Terá sentido acreditarmos que Deus existe?

Criação do Criador - O universo é “tudo que existe”. Deus certamente seria uma parte de “tudo que existe”. Então se o universo requer uma explicação, Deus requer uma explicação!... que pelas lógicas teístas seria… um outro Deus?!... Haverá um fim para esta lógica?...

Lógica - Serão coerentes as lógicas teístas? Não é bastante mais aceitável que somos um caso espantoso no meio de um vastíssimo Universo, e que o nosso desenvolvimento, bem como o das outras espécies, se deve ao nosso desenvolvimento próprio e esforço por chegar mais longe?... Somos um caso espantoso: as condições necessárias á vida conjugaram-se num planeta onde a vida surgiu, e nós, entes que vivem, desenvolvemo-nos. No caso dos seres humanos, criamos até complexas sociedades!... E não nos orgulhamos do que fizemos? Será que temos medo de admitir o que criamos e o que somos, e por isso criamos um Deus que explique tudo isso?

O aparecimento do Homem - a aparição do Ser Humano no Mundo é provada hoje pela Ciência como um lento processo de adaptações e evoluções extremamente complexas, a partir de seres vivos mais simples, e que requereu a experiência, o desenvolvimento físico, mas sobretudo os avanços psicológicos de inteligência, que levaram o simples Australopitecos ao actual Homo Sapiens Sapiens. Não será a Teoria da Criação, segundo a qual o Homem é criado por Deus, de uma forma instantânea e simples, facilmente desmentida pelo actual conhecimento Histórico e Científico sobre esta questão?

Criação Humana - há milhões de crentes em Deus; mas essa é uma declaração sobre a Humanidade, não sobre Deus. A verdade não é algo que se alcança através do voto. As religiões surgiram para lidar com a morte, fraqueza, sonhos e medo do desconhecido. São mecanismos poderosos para dar sentido à vida e identidade pessoal/cultural. Mas as religiões diferem radicalmente umas das outras, e apelos à experiência interior apenas pioram o conflito multicultural.

Auto-contradição - a afirmação teístas de que os teístas são os únicos seres humanos “completos” é infundada e arrogante, e vai contra os seus próprios valores. A sua tábua de valores é assim posta em causa, tal como quem a supostamente cria e comanda: Deus.

Refutação da Primeira Causa - a premissa maior deste argumento, “tudo teve uma causa”, é contrariada pela conclusão de que “Deus não teve uma causa”. As duas afirmações não podem ser simultaneamente verdadeiras.

Conclusões não-lógicas - deve notar-se que mesmo que os argumentos teístas fossem válidos, não estabeleceriam o criador como sendo pessoal, singular, perfeito e actualmente vivo. E nenhum desses argumentos lida com a presença de caos, maldade e dor no mundo, o que torna uma divindade omnipotente responsável pelo mal.

7 novas opiniões:

  1. bz pk disse...:

    Como o Tomás disse anteriormente, não exageres na exposições de argumentos quer a favor, quer contra a existência de Deus. Este blogue tem, a meu ver, uma função lúdica, se assim se pode dizer. Quero por isto dizer que se trata de um espaço de reflexão voluntária e extra-curricular, pelo que penso que seria mais eficaz caso focasses aqueles argumentos que consideras mais pertinentes, permitindo uma reflexão e crítica mais profundo. Recomendo, portanto, que o faços num novo post.

  1. Unknown disse...:

    Admitamos ou não a existência de Deus, é sintomático que, nas nossas reflexões, dele nos ocupemos.
    Face à questão da existência de Deus, a filosofia poderá seguir dois caminhos:
    - a via do racionalismo (a razão como critério da existência e da reflexão);
    - a via da aceitação da transcendência (há coisas que transcendem a razão humana e, por isso, são inefáveis).
    A primeira via enferma da pretensão de constituir o homem e a capacidade humana em critério máximo de todas as coisas, quando sabemos que há tanto de natural e humano que ultrapassa a nossa capacidade de entender, a fazer lembrar a máxima de Blaise Pascal "o coração tem razões que a razão desconhece". O racionalismo não é uma atitude séria e, por isso, carece de honestidade intelectual porque se afigura como a negação da própria razão que pretende constituir como instância universal e máxima do conhecimento.
    A segunda corre o risco de demissionismo, ou seja, aceitando a transcendência, não se progride na compreensão daquilo que nos transcende.
    Contudo, prefiro a segunda via e os seus riscos à primeira. De facto, submeter Deus às nossas reflexões é, desde logo, limitar Deus, aprisionando-o naquilo que Ele não é. Por isso, é mais fácil dizer de Deus o que Ele não é do que dizer aquilo que ele é (teologia apofática).
    Para já, não digo mais nada, mas prometo voltar abordando a temática noutras perspectivas.

  1. Eduardo Jorge disse...:

    Ok. Irei publicar 1 post apenas com os argumentos que consideramos mais fortes como resumo de tudo, mais á frente. Entretanto, considero importante que estajam todos eles á disposição, e cada um deve reflectir e tentar concluir quais são, para si, os mais fortes, e com eles construir uma opinião fundamentada.

  1. Anónimo disse...:

    concordo com o Eduardo... numa primeira fase acho que é importante expor tudo. porque por vezes podemos ter tanta certeza do que afirmamos e depois ver que há um ou dois argumentos com que não concordamos e que pode levar a uma mudança de opinião ou, apenas, a uma maior reflexão.

    comentar começa a ser um vício. xD enfim.

  1. Eduardo Jorge disse...:

    Katarina, o vício de comentar o nosso blog é um vício que faz muito bem á saúde, pelo menos á saúde do intelecto, por isso... continua a comentar, que nós estamos sempre aqui para te ouvir!...

  1. Eduardo Jorge disse...:

    Os argumentos ateístas têm mais lógica para mim do que os teístas. No entanto, não reprovam totalmente a possibilidade da existência de Deus, mas talvéz mudem de algum modo a forma de O ver.

    O argumeto da incoerência é, na minha opinião lógico. Não tenho nada a apontar.

    A navalha de Occan é mais uma tentativa de dar uma prova científica para a (não) existência de Deus. Também é lógica, mas não tão convincente para mim... Deus pode ter criado as coisas para serem precisamente assim, pelo que teria sido ele a decidir como eriam, logo, Ele influenciou-as.

    O argumento da Historicidade, confesso, foi criado por mim, depois de uma pesquisa sobre este tema que fiz há um ou dois anos, para um trabalho sobre religiões. Logo, parece-me lógico...

    A criação do criador é mais uma afirmação para mim lógica, mas que também não me convence totalmente.

    A lógica é de facto mais uma afirmação coerente, apesar de pouco fundamentada, tem, de facto, um poder de nos por a reflectir, impressionante...

    O aparecimento do Homem descrito pela Bíblia é de facto mais uma prova científica da Ciência contra as teses teístas, e tem todo o sentido.

    A criação Humana vem de facto ao argumento da Historicidade, sendo que se completam logicamente, e a auto-contradição é forte e filosoficamente lógica, apesar de não provar a inexistência de Deus.

    O argumento da refutação da Primeira Causa parece-me perfeitamente lógico, uma vez que as permissas teístas são incompatíveis.

    Concordo ainda com o argumento das conclusões não-lógicas, mas considero que este argumento tambem se aplica aos argumentos ateístas, que dificilmente provam de facto a inexistência de Deus.

  1. Anónimo disse...:

    "No caso dos seres humanos, criamos até complexas sociedades!... E não nos orgulhamos do que fizemos?"
    pois nos religiosos nao nos orgulhamos do que fizemos pois o orgulho e pecado mortal =P

    "a afirmação teístas de que os teístas são os únicos seres humanos “completos” é infundada e arrogante"
    de facto afirmamos isso mas somos realemente os unicos seres humanos "completos" dos quais conhecemos...

    "a premissa maior deste argumento, “tudo teve uma causa”, é contrariada pela conclusão de que “Deus não teve uma causa”. As duas afirmações não podem ser simultaneamente verdadeiras."
    esta... verifica-se quando morrer...


    acreditar em religiao e um bocado estupido (embora eu acredite...) ja que se houver vida apos morte vamos todos para o inferno(e se nao todos mesmo quase todos), visto que e quase impossivel passar a vida sem completar os 7 pecados mortais...
    inveja e facil... preguiça e gula tambem nao sao raros... luxúria e soberba... ira, pois quem nunca ficou zangado levante a mao...
    e vaidade...
    como da para ver tamos todos lixados...

 
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