Ora bem, ainda pensei fazer deste post um post de opinião, mas depois achei que teria mais impacto se tivesse um carácter mais informativo/conclusivo. Não quero apenas mostrar o que acho da ministra: quero provar o que é… Vejamos então: Houve ontem em Lisboa a maior manifestação de todos os tempos organizada por uma única classe de profissionais, a nível nacional, e a maior manifestação de professores de sempre a nível europeu!!! De 150.000 professores, 120.000 (85%) estiveram presentes na manifestação. De destacar ainda que conheço casos de professores que não foram protestar devido a doença, ou porque ambos no casal são docentes, sendo que um dos dois ficou com os filhos; ou seja: se todos os descontentes fossem, provavelmente estariam lá 149.000. O protesto era contra o burocrático, exaustivo, cansativo e injusto modelo de avaliação de professores, e houve pais e alunos que se juntaram no protesto.
Em resposta à manifestação, a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, deu uma conferência de imprensa, em que disse tanta mentira que me apeteceu partir a televisão… Primeiro, disse que as políticas da educação são medidas de melhoramento do ensino, sendo que «trabalha» para os estudantes e para o interesse público, através do melhoramento do sistema educacional! E ainda disse que prefere ter estas medidas, a não fazer nada para melhorar as qualificações dos portugueses… Primeiras mentiras. As medidas caem insistentemente no facilitismo (como várias vezes foi já provado aqui no blog), PERDENDO o ensino português qualidade, e constantemente! Perde-se rigor, disciplina, esforço, trabalho, trabalhando para a estatística, deixando de parte a educação e a qualificação. Ora bem, uma jornalista perguntou então à ministra porque é que os estudantes se tinham manifestado nessa mesma semana. Numa resposta arrogante, com atitude hipócrita e desprezadora, MLR lançou palavras que me impressionaram, tal a ignorância e desprezo nelas contidas: a ministra vociferou: ‘manifestações de alunos, há 1 por ano: é 1 ritual, nada mais…’. Mas que é isto? Não se pode lutar por direitos, por causas, que somos assim espezinhados? Assim desprezados? Acha que somos criancinhas com vontade de nos manifestar por pura adrenalina? Poupe-me… Falta de certeza muita introspeção à ministra: será que não percebe mesmo a miséria de trabalho que está a fazer? O estatuto do aluno é uma vergonha. A indistinção prática entre alunos que faltam porque apetece, e os que faltam por doença ou problemas familiares, é vergonhosa! Vergonhosa! E vem dizer que é um ritual? Olhe para o que faz, Sra Ministra… E o problema disto, é que com palavras tão bem ditas, tão bem camuflando a falsidade nelas contidas, quem está por fora acredita!
O meu choque e revolta continuaram ao longo da conferência. Insistindo constantemente num memorando que ALGUNS sindicatos assinaram, CONTRA a vontade dos professores, e SEM perspectivas da aplicação de tal modelo, a ministra bateu no ceguinho… Os sindicatos que tinham assinado o memorando, vieram agora pedir a suspensão do processo de avaliação, porque ele NÃO FUNCIONA! Por muito lindo que seja teoricamente (que nem isso é, mas pronto…) não funciona! Cai na burocracia, no facilitismo, no gasto de papel e de TEMPO, que os professores deixam de poder dedicar aos alunos… E não vale a pena negar… EU mesmo o sinto, e sei que colegas meus também o sentem… Nós sentimos o ensino pior! Os professores estão cansados, frustrados, muitos deles, mesmo arrasados. E note que é um aluno a dizê-lo, não um professor. Há de facto falta de tempo dos professores para exercer a sua profissão… Imagine agora que a punham a avaliar os funcionários do seu ministério: que tempo lhe ia sobrar para exercer a sua função? Não dá para travar a teimosia? Vários ministros do seu governo já voltaram atrás nas suas decisões, porque viram que não eram as mais correctas, porque ouviram os profissionais falar, porque denotaram que as suas políticas não eram exequíveis… Por que é que não faz o mesmo? Porquê? Já houve manifestações de professores, de pais, de alunos… NÃO CHEGA?
Mas a ministra continuou! Disse querer ‘ajudar os professores que querem ser avaliados’. Veja se percebe: não se trata de ser avaliado, mas COMO ser avaliado. Mais de 85% dos professores manifestaram-se ontem. Quais querem ser avaliados assim? Os que não puderam ir? Quanto ao tempo que os professores perdem com a avaliação, a ministra disse que «Não há processos de avaliação que façam os professores perder o seu tempo. Pelo menos que o ministério exija.» Mais uma. Mais uma mentira. Todas as escolas têm que definir equipas de professores para coordenar a avaliação, para construir grelhas de avaliação, para avaliar os colegas, e cada professor tem que erigir fichas individuais, para cada turma, prevendo as notas que dará no fim do ano! Para além disso, esta ficha individual não tem correspondência com as grelhas de auto-avaliação, grelhas de avaliação do conselho executivo, e grelhas de hetero-avaliação (Grelhas estas, todas em papel… Qual tempo gasto em trabalho? Qual burocracia? Mas que ideia senores porfessores!…). E continua, dizendo falsamente que o modelo não prejudica nenhum professor… Que mentira! Em cada escola, há um nº máximo de «excelentes» e «muito bons» a dar. Há quotas; ou seja: aqui só pode haver dois excelentes e três muito bons. Ponto. O resto tem que ser corrido a bons, ou maus. indistintamente. Mas que é isto? Então, havendo mais professores que sejam muito bons numa dada escola, do que aqueles que podem receber essa nota, estes receberão a mesma nota que colegas menos bons? (já para não dizer que as quotas são distribuídas por grupos; se no grupo de Matemática há 3 muito-bons professores e apenas dois podem receber essa nota, um outro será injustiçado, e terá, por exemplo, um colega de Inglês a ter uma nota melhor que ele, com menos qualidade e esforço no ensino…) Mais! Os professores que tiverem um «bom» na avaliação ganham zero, repito: ZERO pontos para progressão na carreira. Com que então modelo justo… Com que então modelo que não prejudica… Por favor! Haja paciência… A ministra é uma socióloga e de educação nada percebe. Se com 120.000 professores na rua não percebe, só lhe resta sair.
Bem realmente se tanta gente se manifesta é porque há msm razões para tanto.
Concordo com tudo o que está no post e sem dúvida que a ministra deveria repensar melhor naquilo que deita cá para fora.
Que tal investigar no terreno?Estar lá no momento?Observar um dia que fosse uma escola,uma turma ou simplesmente a vida de um aluno?
Aí veríamos se as medidas continuariam as mesmnas...E a vida dos professores?Continuamos a chamar-lhe vida?Acredito fortemente que a maior parte dakeles k até ensinam com todo o gosto perdem o entusiasmo!
Estou à espera de outras opiniões para ver o que por aqui se diz...