O presidente russo, Dmitri Medvedev, anunciou hoje em conferência de imprensa que 'os objectivos da operação militar russa na Geórgia estão cumpridos', pelo que esta acção terá agora o seu fim marcado. A Rússia pretendia, segundo Medvedev, 'impor a paz nas zonas de conflito, e defender a sua população e as tropas de manutenção da paz', que, segundo o presidente, estavam a ser atacadas pelas tropas georgianas (numa suposta tentativa georgiana de controlar militarmente essas zonas rebeldes do seu território). Não se sabe ainda se a Rússia irá agora reconhecer a Abecásia e a Ossétia do Sul como novos países, ou se continuará a reconhecê-los como território georgiano. O que é certo é que o Exército Russo não irá recuar nem deixar as suas actuais posições, sendo que pretende 'conservar a paz na região e aniquilar quaisquer focos de resitência ou agressão'. A Rússia orgulha-se ainda de ter 'castigado o agressor, enfraquecendo e desorganizando o seu exército'.
Para além desta permanência em território georgiano, o Presidente da Geórgia acusa ainda a Rússia de continuar a bombardear Gori e Tbilissi, algo prontamente desmentido por Moscovo, que contra-ataca acusando a Geórgia de ter cometido crimes humanitários contra cidadãos russos habitantes da Ossétia do Sul e Abecásia'.
George W. Bush não ficou obviamente fora desta controvérsia, demarcando desde cedo a posição dos Estados Unidos face a esta situação na zona do Cáucaso. Numa curta declaração, incisiva e directa, Bush colocou nas mãos da Rússia a obrigação de 'acabar rapidamente com a crise', e alertou ainda Moscovo para o facto deste conflito ter uma influência decisiva nas relações entre a Rússia, a Europa e os Estados Unidos, que poderão degradar-se se esta 'acção inaceitável em pleno século XXI' continuar, até porque os russos invadiram 'um Estado autónomo e vizinho que é liderado por um Governo democrático eleito pelo seu povo'. Bush disse ainda que não acredita na intenção da Rússia em acordar um cessar-fogo, até porque, diz, a verdadeira intenção da Rússia não é a paz nas zonas separatistas, mas sim a queda do presidente georgiano que é aliado do Ocidente (EUA e Europa). A posterior eleição de um político pró-russo permitiria à Rússia ter peso de decisão na zona do Cáucaso (já que Azerbeijão - o outro país da zona, também não é aliado dos russos). O Cáucaso é a zona que liga o Mar Cáspio ao Mar Negro, e tem àguas extremamente ricas em gás e petróleo, sendo a única zona de oleodutos do Mar Cáspio que não passa pela Rússia. O poder nesta zona permitiria à Rússia o monopólio dos recursos do Mar Cáspio. A independência da Abecásia e da Ossétia do Sul também teria efeitos semelhantes, uma vez que estas repúblicas separatistas são aliadas russas (estas são repúblicas que se declaram independentes mas que não são reconhecidas por ninguém como tal; o poder é executado por governos separatistas mas as terras são georgianas).
A legitimidade desta ofensiva russa está dependente, na minha opinião, da verdadeira razão da ofensiva: motivações de liberdade/paz ou económicas/estratégicas? E mesmo que a motivação seja minimamente 'legítima', é bom olhar para as consequências desta guerra: para além da conturbação internacional que provocou, que influenciou uma instabilidade política e a já mítica subida do preço de petróleo, esta Guerra trouxe milhares de mortos e a destruição de inúmeras infraestruturas. Veremos o que se segue, e qual o destino da Abecásia e da Ossétia do Sul...
óh...
xD