Os critérios de correcção dos Exames Nacionais para 2009, foram escandalosamente alterados em relação aos critérios dos Exames dos anos anteriores. A injustificada alteração é geral, para todos os Exames que alberguem perguntas do tipo verdadeiro-ou-falso. Contrariando absoluta e descaradamente a filosofia de correcção dos últimos anos (em que, numa sequência de 8 afirmações, cada aluno era avaliado conforme o nº de respostas que acertava, tendo até toda a cotação da pergunta um aluno que apenas errasse uma das questões), o GAVE, departamento de Exames do Ministério da «Educação», anunciou, com pouco alarido, quase como escondendo, bem camuflado no extenso documento que dita as regras para o Exames Nacionais de cada disciplina, as novas regras de correcção de itens de verdadeiro-ou-falso. Cotadas entre 10 e 15 pontos, estas respostas serão cotadas com ZERO pontos no caso do aluno errar UMA das afirmações.
Ou seja: numa sequência de 8 afirmações (número normal de questões), um aluno que saiba 7 questões, vale ZERO. Isto é extremamente injusto, indo ao limiar do «tudo ou nada», classificando da mesma forma um aluno que não sabe nada, e um aluno que estudou, e sabia 7 perguntas em 8 (88% da resposta correcta!). Este extremismo apanhou-nos a todos de surpresa (professores, pais e alunos), porque contraria literalmente todas as políticas de «educação» que têm sido seguidas nos últimos anos por este mesmo ministério, e por esta mesma ministra… Caiu-se no extremismo? Desenvolvem-se políticas claras de facilitismo exagerado, havendo mesmo revelações escandalosas da Sra. Ministra a dizer que os chumbos deviam ser abolidos, facilitam-se provas de Exame e Testes Intermédios, deixa de se reprovar alunos por excesso de faltas, dão-se sucessivas «segundas oportunidades», cria-se o sistema de certificação falsa e fácil «Novas Oportunidades», facilita-se, facilita-se, facilita-se, e depois corta-se as pernas àqueles que com o seu próprio sucesso e trabalho concluíram disciplinas bianuais ou trianuais? Mas que extremismo, que ódio ao trabalho e ao esforço (que inveja, quem sabe?), move estas políticas tão profundamente injustas e disparas?
Mais! Qual é a legitimidade de nos imporem um critério de correcção completamente oposto ao que aplicaram em anos anteriores? Por que haveremos nós de ser prejudicados? Sim, porque os outros não foram beneficiados: receberam as classificações que lhes eram merecidas, pois eram classificados pelo nº de respostas que acertavam, sendo-lhes dada uma margem de erro para colmatar as dúvidas que a polémica falta de rigor e objectividade de algumas das perguntas de verdadeiro-ou-falso apresentavam. Isso era justo! Agora, nem benefício da dúvida, nem classificação pela quantidade de afirmações às quais sabemos responder correctamente. É duvidoso? ZERO! Esqueceste-te desse pormenor? ZERO! Estás nervoso e não puseste o que pensaste? ZERO! Não interpretas-te assim? ZERO! Acertaste 88% da resposta? ZERO! ZERO, ZERO, ZERO! Mas que é feito da justiça? Que é feito do rigor? Que é feito da igualdade? Será que nada disso interessa?
Mas a história não acaba aqui. O mais escandaloso desta imprevisível alteração, é que não há qualquer fundamento para ela. Não há qualquer justificação para ela. Ninguém diz porquê, ninguém se explica, ninguém nos dá razões. Decidiram mudar só porque sim? Ou será que querem baixar as notas dos alunos, para na próxima legislação dizerem que as subiram? Se calhar é isso… Não vão pôr o ensino obrigatório até ao 12º ano? Hum… Estranho. Não, não! Não pode ser; nem políticos se lembrariam de tal aldrabice, de tal injustiça, de tal crueldade… Não! Será então porquê? Não me digam que descobriram que os chumbos não são tão traumáticos como Maria de Lurdes Rodrigues dizia… Será? Ou será mesmo pura maldade? Não sei. Não sei, nem consigo perceber porquê, depois de já tanto ter pensado. É uma injustiça; disso não tenho dúvidas. E por isso espalharei a minha opinião e farei tudo ao meu alcance para a justiça ser reposta. Dêem-me uma boa explicação, e aceitarei. Por muito que duvide que essa justificação chegue, dou o benefício da dúvida. Até lá, não me calo.
Fazes bem, e FAZEMOS NÓS também bem em não nos calar-mos...
Acabo por concordar plenamente contigo... epah tás um cronista que nem te digo nada sim sr...